Spleen e charutos - Solidão
Nas nuvens cor de cinza do horizonte
A lua amarelada a face embuça;
Parece que tem frio e, no seu leito,
Deitou, para dormir, a carapuça.
Ergueu-se... vem da noite a vagabunda
Sem xale, sem camisa e sem mantilha,
Vem nua e bela procurar amantes...
— É doida por amor da noite a filha.
As nuvens são uns frades de ,
Rezam adormecendo no oratório...
Todos têm o capuz e bons narizes
E parecem sonhar o refeitório.
As árvores prateiam-se na praia,
Ó lua, as doces brisas que sussurram
Coam dos lábios teus como suspiros!
Falando ao coração... que nota aérea
Deste céu, destas águas se desata?
Canta assim algum gênio adormecido
Das ondas mortas no lençol de prata?
Minh'alma tenebrosa se entristece,
É muda como sala mortuária...
Deito-me só e triste sem te fome
Vendo na mesa a ceia solitária.
Ó lua, ó lua bela dos am res,
Se tu és moça e tens um peito amigo,
Não me deixes assim dormir solteiro,
À meia-noite vem ceiar comigo.
A lua amarelada a face embuça;
Parece que tem frio e, no seu leito,
Deitou, para dormir, a carapuça.
Ergueu-se... vem da noite a vagabunda
Sem xale, sem camisa e sem mantilha,
Vem nua e bela procurar amantes...
— É doida por amor da noite a filha.
As nuvens são uns frades de ,
Rezam adormecendo no oratório...
Todos têm o capuz e bons narizes
E parecem sonhar o refeitório.
As árvores prateiam-se na praia,
Ó lua, as doces brisas que sussurram
Coam dos lábios teus como suspiros!
Falando ao coração... que nota aérea
Deste céu, destas águas se desata?
Canta assim algum gênio adormecido
Das ondas mortas no lençol de prata?
Minh'alma tenebrosa se entristece,
É muda como sala mortuária...
Deito-me só e triste sem te fome
Vendo na mesa a ceia solitária.
Ó lua, ó lua bela dos am res,
Se tu és moça e tens um peito amigo,
Não me deixes assim dormir solteiro,
À meia-noite vem ceiar comigo.
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