terça-feira, 26 de março de 2013

Rosa de Saron - Amor Sincero


Foi num piscar de olhos que tudo se apagou
Já eram novos tempos
Tudo se transformou e eu fiquei perdido no mesmo lugar
Vendo pessoas indo e outras a chegar
Você não vai saber, tão pouco entender
Pois só a idade esconde um coração
Eu só quero um amor sincero
Que toque minhas mãos
Que faça minha vida mudar (2x)
Eu não consigo ver aonde eu vou chegar
Sinto que sou mais velho
Preciso caminhar
As noites são mais longas
Os dias são mais curtos
Eu vou entregar minha alma
E transformar meu mundo
Você não vai saber, tão pouco entender
Pois só a idade esconde um coração
Eu só quero um amor sincero
Que toque minhas mãos
Que faça minha vida mudar (4x)

Curiosidades

     Álvares, Trouxe características de suas obras através de dois autores europeus, Lord Byron e Alfredo Musset, "Noite da taverna" foi da autoria de Álvares, Vale destacar que não era cenário brasileiro, pois "Taverna" é um termo usado na Europa, que no Brasil denominamos de: Boates, Barzinhos, casas noturnas, entre outros.
     Onde o publico alvo eram homens, se encontravam bebidas, cigarros, garçonetes.
Viveu em São Paulo e no Rio de Janeiro, morreu muito cedo em 25 de abril de 1852, com 21 anos, após uma implicação gerada pós-cirurgia, Destacado no poema "seu morresse amanha" parecia que ele tinha certeza que iria morrer brevemente.

Álvares de Azevedo - O Poeta Moribundo





Poetas! amanhã ao meu cadáver
Minha tripa cortai mais sonorosa!...
Façam dela uma corda e cantem nela
Os amores da vida esperançosa!

Cantem esse verão que me alentava...
O aroma dos currais, o bezerrinho,
As aves que na sombra suspiravam,
E os sapos que cantavam no caminho!

Coração, por que tremes? Se esta lira
Nas minhas mãos sem força desafina,
Enquanto ao cemitério não te levam,
Casa no marimbau a alma divina!

Eu morro qual nas mãos da cozinheira
O marreco piando na agonia...
Como o cisne de outrora... que gemendo
Entre os hinos de amor se enternecia.

Coração, por que tremes? Vejo a morte,
Ali vem lazarenta e desdentada...
Que noiva!... E devo então dormir com ela?
Se ela ao menos dormisse mascarada!

Que ruínas! que amor petrificado!
Tão antedeluviano e gigantesco!
Ora, façam ideia que ternuras
Terá essa lagarta posta ao fresco!

Antes mil vezes que dormir com ela.
Que dessa fúria o gozo, amor eterno
Se ali não há também amor de velha,
Deem-me as caldeiras do terceiro inferno!


No inferno estão suavíssimas belezas,
Cleópatras, Helenas, Eleonoras;
Lá se namora em boa companhia,
Não pode haver inferno com Senhoras!

Se é verdade que os homens gozadores,
Amigos de no vinho ter consolos,
Foram com Satanás fazer colônia,
Antes lá que no Céu sofrer os tolos!

Ora! e forcem um'alma qual a minha,
Que no altar sacrifica ao Deus-Preguiça,
A cantar ladainha eternamente
E por mil anos ajudar a Missa!

Velha infância - Tribalistas


Ouro de tolo - Raul Seixas




Eu devia estar contente
Porque eu tenho um emprego
Sou um dito cidadão respeitável
E ganho quatro mil cruzeiros
Por mês...
Eu devia agradecer ao Senhor
Por ter tido sucesso
Na vida como artista
Eu devia estar feliz
Porque consegui comprar
Um Corcel 73...
Eu devia estar alegre
E satisfeito
Por morar em Ipanema
Depois de ter passado
Fome por dois anos
Aqui na Cidade Maravilhosa...
Ah!
Eu devia estar sorrindo
E orgulhoso
Por ter finalmente vencido na vida
Mas eu acho isso uma grande piada
E um tanto quanto perigosa...
Eu devia estar contente
Por ter conseguido
Tudo o que eu quis
Mas confesso abestalhado
Que eu estou decepcionado...
Porque foi tão fácil conseguir
E agora eu me pergunto "e daí?"
Eu tenho uma porção
De coisas grandes prá conquistar
E eu não posso ficar aí parado...
Eu devia estar feliz pelo Senhor
Ter me concedido o domingo
Prá ir com a família
No Jardim Zoológico
Dar pipoca aos macacos...
Ah!
Mas que sujeito chato sou eu
Que não acha nada engraçado
Macaco, praia, carro
Jornal, tobogã
Eu acho tudo isso um saco...
É você olhar no espelho
Se sentir
Um grandessíssimo idiota
Saber que é humano
Ridículo, limitado
Que só usa dez por cento
De sua cabeça animal...
E você ainda acredita
Que é um doutor
Padre ou policial
Que está contribuindo
Com sua parte
Para o nosso belo
Quadro social...
Eu que não me sento
No trono de um apartamento
Com a boca escancarada
Cheia de dentes
Esperando a morte chegar...
Porque longe das cercas
Embandeiradas
Que separam quintais
No cume calmo
Do meu olho que vê
Assenta a sombra sonora
De um disco voador...
Ah!
Eu que não me sento
No trono de um apartamento
Com a boca escancarada
Cheia de dentes
Esperando a morte chegar...
Porque longe das cercas
Embandeiradas
Que separam quintais
No cume calmo
Do meu olho que vê
Assenta a sombra sonora
De um disco voador...